sábado, 5 de novembro de 2022

Torquato Tristeza Teresina

Nem bem se passaram quatro meses que o poeta triste deixara Teresina, soubemos do seu suicídio depois de comemorar o aniversário de 28 anos. Os amigos, nos juntamos para lamentar a perda num rompante bem-sucedido do seu comportamento perto da morte, que conhecíamos. Mas o que era possível, quando acontece é desesperador. Não o veríamos mais e a nossa dor era imensa. Sofremos com a perda de Torquato.

No outro dia, o poeta chegou morto em seu esquife, como nomeou a imprensa local, e não era mais o nosso amigo. Não era aquele com quem bebíamos nos bares, caminhávamos nas ruas, escrevíamos em jornais ou fazíamos cinema sob os olhares reprovadores da cidade, meses atrás, quando era ainda tão vivo e ignorado na cidade. O morto que chegava era um compositor famoso, adorado por todos que foram ao aeroporto receber o poeta sob o calor de 40 graus e desfilar em carreata pelas ruas da cidade até a casa dos pais em velório obsequioso. O enterro, no cemitério São José, um dos mais concorridos.

Não fui ao velório, nem ao enterro. Aquele já não era o Torquato Neto que conheci, mas um poeta famoso, que se tornaria nome de rua, de conjunto habitacional, de salas culturais, mas de quem ninguém conhece a obra. Um outro Torquato, cultuado por uma cidade que não gostava dele. Um bom poeta precisa morrer para que gostem dele. Nem precisa da obra.

Edmar  Oliveira


O livro TORQUATO TRISTEZA TERESINA faz parte da coleção 

"Livrinho também é livro".

 

Link para download do e-book abaixo:

TORQUATO TRISTEZA TERESINA


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Navilouca ReVista


Idealizada e montada em 1972, ano emblemático de muitas experimentações, a Navilouca só seria impressa em 1974 e logo se tornou verdadeira lenda entre as publicações alternativas do período, oferecendo um painel do que havia de mais radical nas letras, nas artes visuais e no cinema por estas bandas.

Neste ensaio, fruto de dissertação de mestrado (UESPI), Isis Rost apresenta algumas de suas chaves, fazendo um corte transversal no material organizado por Torquato Neto e Waly Salomão e ressaltando duas tríades que marcam toda a linguagem do “almanaque dos aqualoucos”: a concreta, com Augusto, Haroldo  e Décio, e a experimental, núcleo da revista, identificada em Torquato, Waly e Hélio Oiticica.

    Temos aqui a proposta de um encontro direto com as páginas da Navilouca, num texto irreverente e inventivo, cujos capítulos (e mesmo os subtítulos) podem ser lidos de forma independente, compondo um caleidoscópio para saudar os 50 anos deste projeto único, quase delirante, lance final do poeta piauiense que se suicidou naquele intenso ano de 1972. 

Link para download: Navilouca ReVista