sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Literatura e Performance

Uma visão insólita da nossa República das Letras no início do século XX e uma visita ao experimental dos anos 70 formam o largo espectro deste Literatura & Performance. Através de pesquisa em jornais da época, Isis Rost vai à pré-história do modernismo oswaldiano, remontando o caso da sua fixação na bailarina Carmen Lydia, uma menina que o fascinou durante anos, e o encontro explosivo e trágico com a normalista Maria de Lourdes, a Miss Cyclone, personagem múltipla, farol luminoso do diário coletivo intitulado O Perfeito Cozinheiro das Almas Deste Mundo, desenvolvido na primeira garçonnière, localizada na rua Líbero Badaró, entre maio e setembro de 1918. Traços iniciais do ato antropofágico que desabrocharia na década seguinte. 

Da província que alçava o voo do modernismo, para São Luís do Maranhão, capital de antiga província já abatida no sonho efêmero de pujança vivido no início do século XIX e mergulhada na construção fantasmagórica de uma identidade ilustre. Sob a capa da Atenas Brasileira, a realidade crua das marcas da escravidão, do racismo à flor da pele, explode na polêmica envolvendo o germanófilo Antônio Lobo, considerado fundador da Academia Maranhense de Letras, e o intelectual negro Nascimento Moraes, autor de Vencidos e Degenerados, um romance sobre o momento da Abolição e da República em São Luís. A mesma cidade, bela, terrível e mesquinha, inscrita na poética de Nauro Machado, visto aqui numa chave interpretativa além do tradicionalismo em que alguns tentam enquadrar (e resumir) sua obra. 

De volta ao centro, ao mundo da performance e do experimental, em escritos de Antonin Artaud e na literatura de Valêncio Xavier, caracterizada pela apropriação/fusão de textos, imagens, recortes; no “não cinema” de Hélio Oiticica em Agripina é Roma-Manhattan, curta realizado em New York, reverberando Sousândrade de O Inferno de Wall Street, sua genial intuição do novo império; e na arte visceral da cubana exilada Ana Mendieta, arte do corpo feminino, arte efêmera, arte conceitual. Performance, vídeos, instalações, esculturas em rochas, a água, a terra, o fogo, o belo e o grotesco, natureza e sangue, tudo se mistura no furacão visual do texto elaborado em série e disposto em forma de silhuetas, num voo radical sobre a obra da artista desterrada, arremessada à morte. Direto e vibrante, o livro de Isis Rost é viagem surpreendente aos subterrâneos da literatura e das artes no século XX.  


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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

O Cálice de Kafka

Livro vivo, vivíssimo, bem vivo e bem-vindo. Livro livre e findo, porque só a vida enfrenta a morte. A vida tem fim e o último passo está no compasso de nossa origem. O rufar do Cálice de Kafka nos chega antes da última lufada. Paulo José Cunha, poeta desta grande família piauiense donde veio o mestre Torquato Neto, vai, ao longo deste seu poema – fragmentado em versos leves e certeiros como aquela velha Senhora que nos observa fria e sincera – oferecendo um cardápio de beleza poética curiosa e única.

Todos os trinta e cinco poemas deste Cálice de Kafka são dedicados às aventuras da velha e digníssima Senhora, cuja chegada é certeza em vida... certezíssima.

Um dia ela virá. Por isso, a morte não deve ser encarada morbidamente, mas sim como um ser concreto e cíclico. Pois a finitude é sina, não é opção. Dela não se escapa, a não ser encarando-a com serenidade e firmeza. A saída é a própria saída. Como diria Torquato:

- Um brinde à vida, enquanto a morte está parida!

Tim-tim!

Luís Turiba

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O Cálice de Kafka

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Olhares - Regards

 Desde cedo, Eloah demonstrou interesse pelo universo artístico, refletido seja num gosto musical peculiar para a idade, como Beatles ou Cream, ou através das inclinações para a leitura e o desenho. Mesmo quando ainda não havia aprendido a ler, irradiava de felicidades sempre que ganhava um livrinho ou algum caderno novo sem pautas para desenhar.  Não demorou pra descobrir a fotografia, a partir de câmeras de celulares e de máquinas fotográficas que encontrava pelo caminho. Como uma provocação movida por curiosidades, a brincadeira passou a envolver estes elementos, tornando-se cada vez mais séria, na medida em que os anos passavam e o entrosamento com as artes se fortalecia. 

Há sete anos, Eloah saiu do Brasil e foi morar na França com Karen, minha irmã e sua mãe. Ainda assim, pude acompanhar seu desenvolvimento em cada desenho, fotografia, impressões enviadas para amenizar a saudade que a distância impunha. Este material foi sendo arquivado por mim, e resultou na montagem de “Olhares”, um livrinho articulado despretensiosamente, como uma surpresa, um presente de aniversário de 13 anos. É dividido em dois blocos: o primeiro reúne vários desenhos, evidenciando a evolução e a sensibilidade dos traços; o segundo bloco são as fotografias, em cliques de cenas variadas.  

Isis Rost 


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